Imortais,
Acompanho o dia-a-dia do
GRÊMIO por rádio, jornal e televisão (e mais recentemente pela internet) há mais de 38 anos. Para ser exato, desde que o Brasil foi Tricampeão Mundial no México, em 1970. Dali para frente, passei a acompanhar o futebol mais amiúde, e o Tricolor, em particular.
Passei, portanto, pelos "anos de chumbo" de predomínio vermelho, sem nunca esmorecer. Foi difícil. Muito. As segundas-feiras eram, para mim, o dia mais detestável da semana, era quando eu precisava sair de casa para ir ao colégio e enfrentar as hienas do aterro, depois de mais uma derrota em Grenal, depois de mais um título perdido, depois de perder, e perder, e perder. Para um garoto de 12, 13, 14 anos, era terrível. E foram 8 longos anos. Mas nunca desisti.
Ser gremista era (e ainda é) um orgulho. Orgulho esse herdado do meu pai e do meu avô, orgulho que espero ter conseguido passar para o meu filho. Orgulho esse que vejo hoje (também com muito orgulho) meu irmão e minha irmã passar para os seus filhos.
Depois vieram momentos de alívio, nos anos 80 e 90, especialmente nestes últimos. Vieram os títulos. Inicialmente gaúchos. Depois nacionais, sul-americanos e mundiais. E o
GRÊMIO passou a ser, ainda mais, o time e o clube do meu coração. Mesmo com a claudicada em 1992, o orgulho não diminuiu.
Mas, como nada é perfeito, vieram a ISL e o afundamento financeiro do Tricolor, culminando com a desastrosa gestão Flavio Obino, de péssima lembrança, que descanse em paz! E a nova queda. Mas, mesmo assim, o orgulho permaneceu intacto. Caímos, sim. Mas de pé, de cabeça erguida. E voltamos logo ali, com raça e com garra. Como gremistas.
Nunca, em nenhum dia desses mais de 38 anos, tive vergonha de ser gremista. Porém, agora, vendo o que está sendo feito lá pelas bandas da Azenha, começo a repensar este fato. E não falo na pequenez da montagem do time, não. Não falo no discurso medíocre de "falta de dinheiro" dos homens que estão comandando o clube, porque esses são passageiros, e daqui há 2 anos (ou talvez menos) passarão. E o
GRÊMIO, como sempre, ficará.
Refiro-me ao que leio nos jornais e que está sendo feito com Eduardo Antonini, o homem que há quase 3 anos esteve à frente de um projeto de modernização do clube, de construção do tão sonhado novo estádio, e que permitiria um salto de qualidade ao Tricolor, alavancando-o para o terceiro milênio.
A exclusão de Eduardo Antonini do grupo que administrará a Grêmio Empreendimentos é algo inexplicável, pequeno, preocupante e injusto. QUAISQUER (repito ... Q-U-A-I-S-Q-U-E-R ...)que sejam os motivos. Ora, como o dirigente (e eu não o conheço pessalmente, não tendo procuração nenhuma para defendê-lo) não tem quaisquer restrições quando à sua honestidade, até onde se sabe, visto que não é por esta razão que está sendo excluído da nominata, nem deve ser incompetente, senão já deveria ter sido retirado antes do processo e não o deixado permanecer à frente do projeto por 3 anos, sobram as malditas razões políticas.
E aí, meus amigos, eu não aceito, de forma alguma. Não gosto de guetos, não gosto de feudos, não gosto de grupos. Os mandatários do clube, em suas diversas instâncias, esquecem-se que o
GRÊMIO não é de ninguém, o
GRÊMIO não tem dono. Ou melhor, tem sim, os donos do
GRÊMIO são os sócios, que pagam em dia suas mensalidades, mas que não têm poder nenhum de decisão. E, por favor, não me venham com o argumento de que "os conselheiros são os representantes da torcida". Não são.
Se fossem, estariam pressionando o Presidente e o Vice de Futebol para contratarem bons jogadores. Se fossem não deixariam a direção pagar, absurdamente, R$ 220 mil de salário para um treinador que tem um currículo tão pequeno como o nosso. Se fossem, estariam diariamente lembrando a diretoria que temos competições importantíssimas pela frente, e que não se enfrenta estas sem um time à altura. Se fossem, não permitiriam que seu Presidente, nem o seu técnico, batessem de frente com a maior torcida do País, chamando-a de violenta, confundindo a exceção com a regra, desconsiderando tudo que aquela garotada faz, em todos os jogos, tomando sol e chuva para apoiar um time muitas vezes medíocre e um treinador muitas vezes incompetente.
Amanhã esse sentimento passará, e estarei novamente orgulhoso de ser gremista. Hoje, porém, irmãos, estou muito envergonhado com esta injustiça, e muito irritado com os pseudo "donos" do
GRÊMIO. Muitos deles com uma imensa folha corrida de excelentes serviços prestados ao Clube. Mas que estão, hoje, prestando um desserviço à agremiação, envergonhando todos nós.
Saudações tricolores.